Guerra cibernética

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soldado_cyberEm outubro, a secretária de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Janet Napolitano, pediu, em conferência ao vivo transmitida pela rede mundial de computadores, que cientistas, engenheiros e matemáticos norte-americanos procurassem as autoridades para ajudar no fortalecimento da segurança cibernética do país. Em um discurso preocupado, ela citou ameaças ao comércio virtual, ao sistema bancário e a outras bases de dados oficiais.

Na última década, prevenir possíveis ataques virtuais virou quase uma obsessão para as autoridades dos países que mais investem em armas e mecanismos de defesa do planeta. O problema é que, da defesa, muitos passaram para o ataque.

Um mês antes da secretária Janet discursar sobre segurança na rede, o Comando de Operações Especiais de Informações Militares e Suporte dos Estados Unidos anunciou um contrato de US$ 10 milhões (R$ 17,4 milhões) com uma empresa privada, a General Dynamics, para o desenvolvimento de páginas de notícias em diferentes países como parte de uma estratégia para influenciar a opinião pública e criar condições mais favoráveis para ofensivas reais.O projeto, conhecido como “Iniciativa Virtual Transregional” (Transregional Web Iniciative, em inglês), já resultou em um portal de notícias em árabe, no Iraque, e em outro, em diversos idiomas, no sudeste da Europa. Entre os militares envolvidos estão os da 4ª Divisão de Operações Psicológicas, especialistas em convencer possíveis aliados e em minar a moral das tropas inimigas.

A manipulação de informação como estratégia de guerra, aliás, não é exclusividade das Forças Armadas com mais recursos do planeta. Além dos Estados Unidos, outros países vêm investindo bastante na ideia de alterar sistemas de dados inimigos.

Em julho, a agência de notícias “Reuters“ publicou reportagem especulando sobre a possibilidade de Israel lançar ataques cibernéticos contra países vizinhos, e, por meio da invasão em sistemas de informação, sabotar e provocar danos físicos em instalações reais. Em conflito permanente nas últimas décadas, Israel tornou-se um dos países com tecnologia de segurança mais avançada do planeta.

Se, seguindo exemplo dos norte-americanos, cada dia mais nações destinam recursos e criam departamentos especializados em segurança da

informação, nem mesmo na terra do presidente Barack Obama há consenso em relação à maneira como o desenvolvimento de armas cibernéticas tem sido articulado. Neste ano, em abril, pesquisadores da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos criticaram como a política do setor está sendo conduzida. No relatório “Tecnologia, Política, Lei e Ética na Aquisição e Uso de Capacidades de Ciberataques dos Estados Unidos“, especialistas apontaram a necessidade de debates mais amplos e defenderam que a política oficial centralizada e pouco transparente dos últimos anos compromete a eficiência. No trabalho, eles questionaram como verbas destinadas inicialmente para defesa serviram para o desenvolvimento de novas táticas de ataque.

Invasão de sistemas e sabotagem, as ações mais comuns

Não é só no exterior que a invasão e manipulação de sistemas de dados preocupam. Nos últimos anos, militares brasileiros também têm se especializado em segurança da informação. Para o Comando de Comunicação Social do Exército, a possibilidade de o País sofrer ciberataques não pode ser

“negligenciada”. Segundo as autoridades, são três as ofensivas mais comuns na rede: a invasão de bases digitais de transações financeiras e de banco de dados; a invasão e domínio de computadores domésticos, usados como “zumbis” para ataques remotos; e a sobrecarga ou sabotagem de códigos para derrubar um sistema. Ainda de acordo com o Exército, os ataques a sistemas de controle da infraestrutura, como usinas de energia e sistemas de logística de transporte ou fornecimento de água, por exemplo, são menos comuns, já que é mais difícil acessar uma rede que não está conectada à internet.

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