Lembro-me com saudade de meu querido pai

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Por Devair G. Oliveira
Se ele estivesse aqui, hoje 25 de agosto estaria completando 108 anos e minha mãe que faleceu aos 94 anos estaria com 102 anos, hoje dia do soldado queremos homenagear todos os patriotas guerreiros deste país. É verdade que tudo evoluiu, a tecnologia, a ciência, as indústrias, mas uma coisa não evoluiu é o amor do ser humano para com seus semelhantes, antigamente as pessoas eram mais amorosas e o amor ao próximo era mais evidente.

Tenho gravação em vídeos de várias personalidades de Lajinha falando do serviço social que fizera José Guimarães de Oliveira por mais de 40 anos, ele possuía uma caixa postal no correio de Lajinha era o número 44 e ele muitas vezes ia a pé do povoado do Prata até a cidade de Lajinha para pegar as correspondências e ia de casa em casa entregando as correspondências. Como Tabelião do Registro Civil do Distrito do Prata além de prestar este serviço nos anos 40, 50 e 60 atendia muitas pessoas para que pudesse escrever cartas, não temos dados, mas o número de pessoas que saíram do município neste período foi grande, famílias inteiras mudaram do município de Lajinha para Paraná, Rondônia e Mato Grosso, isso para trabalharem na roça, muitos se tornaram fazendeiros nestas localidades. Não podemos deixar de relatar também outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo, onde centenas de jovens que queriam estudar e trabalhar no comércio e indústrias.

Meu pai José Guimarães de Oliveira com 82 anos cheio de vida, saúde nota 10, não tomava nenhuma medicação, mas quis o destino que por uma falta de atendimento médico correta, ele teve um problema vesicular, não percebido pelos médicos, trataram os sintomas, mas não a causa durante três dias e deram alta dele, voltou para sua casa no Distrito do Prata e 45 dias depois as dores voltaram e novamente ele foi parar no hospital de Lajinha, deu entrada às 9 horas da manhã, o médico solicitou alguns exames e foi para uma fazenda retornando as 8 horas da noite e meu pai sofrendo dores, fui conversar com o médico e ele pegou os exames e disse que era um problema da vesícula agravado e nada poderia ser feito, imediatamente arrumei uma ambulância e fomos para BH. Resumo da história, no Hospital Belo Horizonte ele ficou por 33 dias internado dos quais 30 no CTI, os médicos ficaram bravos com a situação, uma coisa simples havia se agravado e ele veio a óbito no dia 9 de dezembro de 1999. Depois deste caso vi várias pessoas com o mesmo problema “colelitíase (cálculos de vesícula biliar), com colecistite aguda (inflamação do órgão) ”, serem operados e um a dois dias de volta para casa curados.

É uma sensação de impotência tremenda, você diante de uma situação que nada pode fazer, isso me deixou triste e sem ação, apenas restou a saudade e inconformidade com a maneira em que ele se foi.  Hoje é dia do soldado e dia de seu aniversário 25 de agosto, pensei em escrever tanta coisa, mas a saudade bate forte e não tem como lembrar desse fatídico dia em que ficou a indignação, esse sentimento ficou registrado. Apesar do grande amor, quando a gente perde um ente querido vem aqueles pensamentos, que poderia ter abraçado mais, ter feito aquela ou outra foto só nós dois para registar o momento e isso acontece muito com jornalistas e fotógrafos registra os momentos de todos, menos os seus, hoje vejo tantas fotos e vídeos de meu pai, que eu apenas estava atrás da câmera, quanta falta ele faz! A oportunidade de um simples abraço, ainda que silencioso, mas cheio de carinho.

Mas, me toco que isso não é mais possível. Mas o consolo vem da promessa da ressurreição em Cristo Jesus. Resta-me então, lembrar com carinho de seus exemplos. Hoje com o passar do tempo é que sentimos que ele voa, passa tão rápido, que devemos meditar nisso, pois nada melhor do que homenagens em vida. Quanto ao meu dever de filho, tenho minha consciência tranquila e feliz por ter feito tudo que pude para ele. Todos os dias eu e minha irmã Maria de Lourdes ficávamos com ele, ali naquele leito em coma, sem ao menos mexer um dedo se quer, mas eu acredito que ele me ouvia e pude ter a certeza disso, um dia depois de conversar, pedi a ele: pai se o Sr estiver ouvindo e entendendo nossa conversa, por favor faça um esforço e nos dê um sinal: coloquei como de costume minha mão sobre sua cabeça e fiz uma oração, quando terminei uma lágrima de seu olho direito escorreu pelo seu rosto, e isso se repetiu por mais três vezes em outros dias. Somos 5 irmãos Dejair, Daniel, Devair, Maria de Lourdes e Demerval. Todos têm o mesmo pensamento nosso pai foi mais que um homem inesquecível, para nós e para a comunidade, a qual ele foi o único carteiro do Prata por mais de 40 anos, um trabalho voluntário para a comunidade do Prata.

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