Liderar para motivar

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Armando Correa de Siqueira Neto*
Líderes de todos os cantos: estão convocados! É chegada a hora de participar mais da vida de seus liderados. Embora a liderança pressuponha naturalmente o relacionamento entre as partes, tenho visto justamente o contrário. Ao invés de proximidade, distância. Há muitos “líderes” enclausurados em suas salas, cheios de tarefas a cumprir, oferecendo pouquíssimo tempo junto aos seus colaboradores. Ouve-se com devoto fervor e orgulho: “Se eu não resolver estes pepinos, quem os resolverá?”

Então, há algo de errado no reino da Dinamarca, haja vista a proximidade entre líder e seguidor ser de suma importância. O que está acontecendo? Ou o que não está ocorrendo? Falta algo essencial: as boas e velhas relações humanas. As organizações contam com sofisticados equipamentos e softwares que promovem a comunicação e o processamento de informações, fazendo girar o programa necessário à sua produção. Modernos celulares e troca de e-mails numa pequena fração de tempo agilizam, como nunca visto anteriormente, as mensagens que percorrem todo tipo de empresa. Uma parafernália à disposição. Todavia, este arsenal de recursos sequer faz sombra à deficiência existente nos relacionamentos que abraçam o povoado do capital humano. Não aponto apenas a distância entre as pessoas, mas também o tipo de qualidade e competência inadequados ao convívio.

Ainda é possível observar a ascensão de algumas pessoas a cargos de liderança sem qualquer preparo. Repetimos a tenebrosa cena, em que alguém é convocado às pressas para substituir outro alguém que foi demitido ou demitiu-se. Embora o vai-e-vem das pessoas nas organizações seja, via de regra, motivo de surpresa, é possível planejar e preparar colaboradores que ainda não tiveram contato com as funções requeridas pela liderança. Ah! Mas somos tomados por inquietações do tipo “temor antecipatório”, que nos alerta para os “perigos” de chamar a atenção. Afinal, o que vão pensar se treinarmos para a liderança alguém que nem foi suscitado para tal fim. E o que achará o líder desta pessoa? Certamente puxarão meu tapete, pensará ele. Então, por favor, situemo-nos no século atual e trabalhemos na direção favorável. Alguns liderados devem estar preparados para assumir a chefia em algum momento.

Não se engane aquele que crê na liderança baseada na pouca aproximação entre as partes que a moldam: líder e liderado. Não é preciso atenção em tempo integral. Não. Mas é crucial que existam quantidade e qualidade de convívio diário. Em outras épocas, até foi possível mandar com certo distanciamento e se obter resposta de um sem número de trabalhadores. Hoje, contudo… A motivação também está relacionada ao tipo de convivência existente entre o chefe e a equipe. Assim, é devido pensar a respeito e rever o nível de qualidade ora presente no convívio profissional.

 *Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), palestrante, professor e mestre em Liderança. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: selfcursos@uol.com.br

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