Palavras ao vento

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Indignação social
Indignação social

Armando Correa de Siqueira Neto*
Como de costume, as críticas contra os políticos mantêm-se vigorosas. A população irritada ataca seus “ovos e tomates podres” sobre aqueles que pintam e bordam com o dinheiro público. Algumas entidades também se manifestam na mesma direção. Entretanto, elas poetizam através de discursos tão pomposos quanto pálidos e de empobrecido alcance. Penso cá com os meus botões: são palavras ao vento, são letras feitas na areia da praia. Como de hábito, muito se fala e pouco se faz. Os resultados não vingam e o desgaste e a descrença vicejam. Não sugiro, contudo, que se deixe de falar o que se tem em mente. Seria impossível, pois na hora da raiva, não há quem detenha a explosão que faz vomitar o bolo de escândalos atravessado na garganta. A expressão não é apenas um direito social, ela é também uma maneira de se trocar impressões que podem estimular a reflexão e o desenvolvimento pessoal. Logo, a sua importância é inquestionável e merece ampla defesa.

O que falta, todavia, é a concretização do que se pensou e falou. Que razões impedem a sociedade de se organizar melhor e direcionar parte da sua energia à análise crítica acerca do assunto, ao planejamento e ao empreendimento, legal, dos atos que levem ao ajuste dos equívocos tão escancaradamente expostos no quadro político? Por que pouco se cobram os políticos que foram democraticamente eleitos para representar toda a sociedade? Eles, por ventura, são blindados? O seu poder sobrepuja toda a população? Afinal, quem elege quem?

Não adianta apenas protestar. Palavras ao vento não modificarão o cenário. Mexa-se. Não se intimide, nem se acomode. Fortifique o seu voto desde bem antes de as eleições chegarem. Elas começam, de verdade, quando o cidadão decide estudar com seriedade os passos dados por cada político durante a sua gestão. Mantenha-se atento às notícias pelos variados canais de comunicação. Pondere a respeito. Extraia conclusões próprias e discuta-as com conhecidos, procurando muito mais ouvir e compreender do que falar e impor. A democracia é um exercício que, quando mal praticado, faz enrijecer o diálogo e torna-se uma porta aberta ao autoritarismo e egoísmo. Por hora, precisamos de uma boa dose de sabedoria e altruísmo que nos conduzam ao bem-comum. Faça a sua parte. Só nós podemos dar jeito na questão.

 *Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), palestrante, professor e mestre em Liderança. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: [email protected]

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