Potencial de aprendizagem e autossuperação

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Armando Correa de Siqueira Neto*

É prudente compreender a dinâmica evolutiva do potencial que regula o acesso a cada nova aprendizagem a que se destina o aprendiz. Por potencial, entende-se aquilo que é possível – por vezes, o “impossível” também. Algo anteriormente disponível, mas que necessita de certo exercício para tornar-se manifesto. Potência e ato. Qual a geração de um ser e o seu respectivo parto. É por tal exigência prática que se obtém um determinado tipo de resultado para o que se pretende enquanto manifestação da aprendizagem.

No entanto, emerge uma intrigante lista de perguntas: por que uns enxergam mais potencial de aprendizagem do que outros? Que razões levam alguns a avançar bem mais, mesmo em condições de igual estímulo recebido pelo meio de convivência? Ainda: E aqueles que, apesar da miséria a que foram submetidos desde a sua infância, extraíram de si muito mais do que se acreditou ser possível? Que limitação encarcera a pessoa à escuridão da ignorância, tendo em vista a ampla possibilidade de libertação existente na luz do saber?

Dentre as possíveis hipóteses (considere-se a combinação delas também), destaque-se o avanço e as restrições do próprio potencial de aprendizagem. Refiro-me à capacidade de expansão do potencial, cuja elasticidade, resultante da aprendizagem e seus progressos, é capaz de determinar maior ou menor perspectiva a respeito das possibilidades de se investir na busca por mais conhecimento. Quanto menos ocorre tal desenvolvimento, tanto menor é a dilatação do potencial, e reduzida é a visão que se tem de maiores possibilidades. Por outro lado, mais crescimento é sinônimo de maior dimensão potencial e correspondente expectativa.

O potencial, portanto, não se encontra totalmente disponível àquele que investe na sua aprendizagem. Ele oferece apenas uma parte de si à transformação que culminará no ato. Assim, sugiro a existência do que denomino de “Potencial Primário de Aprendizagem” (PPA), ou potencial total, que é disforme, e assume uma posição pré-potencial, que, à medida que é bombardeado por investidas do aprendizado, produz dois resultados distintos: 1) parte dele transforma-se em produto acabado para o que se potencializou inicialmente e; 2) a outra parte se modifica em produto semi-acabado, ou “Potencial Secundário de Aprendizagem” (PSA), à disposição de novos estímulos e mudanças. A disponibilidade da aprendizagem, pois, encontra-se na condição imediata, através do PSA, o qual pode, conforme o grau de desenvolvimento atingido, estimular a transformação do PPA, levando o aprendiz a perceber maior terreno a ser percorrido, com crescente motivação, na aquisição do saber.

Porquanto, muito pouco percebe acerca do quanto se pode avançar, aquele que se estimula empobrecidamente, limitando-se a uma pequena predisposição relacionada à expansão do potencial de aprendizagem. Todavia, felizmente, enxerga bem mais quem investe em maior grau na própria aprendizagem, fazendo crescer os limites do PSA e, sobretudo, do PPA e da expectativa de ainda maior investimento. Quem vê menos, pouco acredita que pode ir longe, limitando-se. Quem vê mais, não só acredita como avança pela trilha dos próprios esforços evolutivos, superando-se.

*Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), palestrante, professor e mestre em Liderança. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: [email protected]

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