Tragédia das chuvas no Rio é tema de debate no Clube de Engenharia

219

O governo federal precisa criar um órgão que reúna especialistas em diversas áreas, da engenharia à meteorologia, para prevenir e gerenciar tragédias naturais. Essa foi a opinião unânime dos participantes de um debate sobre a tragédia das chuvas na região serrana do Rio.

Para o presidente da Associação Brasileira de Geologia e Engenharia Ambiental (ABGE), Fernando Kertzman, o ideal seria organizar em uma única estrutura todos os órgãos federais que já atuam na Defesa Civil, agregando mais especialistas como engenheiros, geólogos, meteorologistas, urbanistas, arquitetos e advogados. “O Brasil tem um problema: chuvas intensas. Essas chuvas provocam escorregamento de morros e enchentes de rios. Só que o país não tem um órgão específico para lidar com isso. É preciso juntar as estruturas que existem, sejam elas dos ministérios ou não”.

Kertzman acredita que os custos para criar um sistema integrado como este, priorizando a prevenção e o alerta à população, não chegariam a 10% do que foi liberado para socorrer as vítimas de tragédias naturais no país. Ele se referiu à medida provisória que liberou R$ 780 milhões para vários estados afetados por chuvas ou estiagem, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

O professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Alberto Sayão acrescentou que o novo órgão deve também investir em educação e socorro emergencial, com estratégias de fuga e implantação de abrigos, além de traçar diretrizes para prever os desastres e minimizar os efeitos. “Não vamos eliminar as mortes, mas reduzir muito”.

Já o presidente do Clube de Engenharia, onde ocorreu o debate, Francis Bogossian, acredita que os governos estaduais e as prefeituras não têm dinheiro para manter estruturas integradas desse porte. “Achar que exigir dos prefeitos, que não têm dinheiro nem para o combustível, que tenham técnicos, projetos, isso não existe”.

O deputado federal Hugo Leal (PSC-RJ) informou que a Câmara dos Deputados aprovou a criação da Comissão para Prevenção de Acidentes e Desastres Naturais. A comissão deve promover, nas próximas semanas, uma audiência pública para discutir responsdabilidades. “Lá, levaríamos as autoridades, os ministros que podem dar respostas aos nossos questionamentos. Se isso não for suficiente, se não resolver em cinco, seis meses, vamos criar uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] para evitar que situações semelhantes se repitam”, afirmou.

Agência Brasil

FAÇA UM COMENTÁRIO

Por favor digite um comentário
Por favor digite seu nome aqui