A Tokyo Electric Power (Tepco), empresa que opera o Complexo Nuclear de Fukushima, no Japão, afirmou dia 02/04 que água contaminada com radioatividade está vazando para o mar. Especialistas descobriram uma rachadura de 20 centímetros na parede de concreto do poço de contenção do reator 2 da usina, que teria sido provocada pelo terremoto do dia 11 de março.
A Tepco suspeita que a rachadura esteja por trás dos altos níveis de contaminação detectados na zona costeira e já prepara uma operação para vedar o poço com concreto.
Três semanas após o tremor e o tsunami que devastaram áreas inteiras do país, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, entrou na área de exclusão de 20 quilômetros ao redor da usina para visitar a base que vem sendo usada por funcionários da Tepco para combater a crise nuclear. Kan também esteve em outras regiões afetadas no Nordeste do Japão.
O vice-diretor-geral da Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão, Hidehiko Nishiyama, afirmou que a Tepco pretende vedar a rachadura com uma injeção de concreto. “Com os níveis de radiação subindo na água do mar próximo à usina, vínhamos tentando descobrir a razão, e neste contexto, essa pode ser a fonte”, disse Nishiyama.
No entanto, ele disse que outras rachaduras parecidas poderiam ter aparecido no concreto e que elas precisam ser encontradas “o mais rápido possível”. A Tepco já tinha afirmado anteriormente suspeitar de que material radioativo estivesse vazando continuadamente da usina, mas ainda não tinha descoberto a fonte.
Medições indicam que o ar acima da água contaminada do poço de contenção apresenta mil millisieverts de radioatividade. Durante a sua visita à zona de desastre, Kan assegurou a população local de que o governo japonês fará de tudo para prestar-lhes apoio.
“Conversei com funcionários da administração local sobre como reconstruir a indústria pesqueira, inclusive como reconstruir criadouros de peixe e crustáceos”, disse. “O governo vai fazer o máximo para apoiar estes esforços.”
No entanto, um dos milhares de refugiados por causa do desastre, Ryoko Otsubo, de 60 anos, criticou a visita. “O momento para a visita já passou. Gostaria que ele tivesse visitado este local antes. Queria que ele visse as pilhas de destroços em cima das ruas. Agora, as ruas estão limpas”, disse.
Kan viajou de Tóquio a Rikuzentakata em um helicóptero militar. Ele já tinha sobrevoado a Usina Nuclear de Fukushima Daiichi no dia seguinte ao terremoto.