Filhos de Sakineh pedem asilo à Itália e ajuda ao papa

268

Os filhos de Sakineh Mohammadi Ashtiani, a iraniana que havia sido condenada ao apedrejamento em seu país por adultério, anunciaram ter pedido a interferência do papa Bento 16 no caso e solicitaram asilo político à Itália.

Ao fazer o anúncio em entrevista à agência de notícias Ansa, Sajjad Ghaderzadeh disse falar também em nome da irmã, Sahideh.

– Pedimos oficialmente ao papa para intervir para salvar nossa mãe.

No início de setembro, o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, respondeu a um apelo público do filho de Sakineh e não excluiu a possibilidade de uma interferência da diplomacia do Vaticano.

– Quando a Santa Sé é requisitada de modo apropriado para que intervenha sobre questões humanitárias junto a autoridades de outros países, como aconteceu muitas vezes no passado, costuma fazê-lo não de forma pública, mas através dos próprios canais diplomáticos.

De acordo com Ghaderzadeh, ele e a irmã temem ser presos no Irã e por isso pedem asilo político à Itália.

– Recebemos telefonemas de pessoas que se apresentavam como agentes da inteligência que nos ameaçaram, e uma vez me convocaram em seu escritório, mas não fui. Mas existe a possibilidade de que nos prendam a qualquer momento.

O filho de Sakineh disse ainda que seu advogado, Javid Houtan Kian, também está ameaçado.

– Ele foi convocado pela magistratura para sábado, e ali poderiam detê-lo.

Ele contou que, alguns dias atrás, as autoridades fizeram uma busca na casa do advogado e levaram diversos materiais, assim como já haviam feito há cerca de um mês. As forças de ordem também teriam instalado câmeras fora do escritório de Kian.

O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, evitou dar qualquer declaração sobre o pedido de asilo anunciado pelo filho de Sakineh.

– Não tenho nenhum comentário a fazer.

A chancelaria, por sua vez, informou que a solicitação será avaliada “através dos contatos com os diversos parceiros europeus em Teerã”, conforme assinalou o porta-voz Maurizio Massari. Sajjad já havia comentado em uma entrevista recente que temia por sua vida e a da irmã, e que pensava em pedir asilo ao premier Silvio Berlusconi.

O caso de Sakineh, de 43 anos, mobilizou governos e entidades de direitos humanos de todo o mundo. Acusada de adultério e de ter participado da morte do marido, ela foi condenada ao apedrejamento pelo primeiro crime, mas teve a pena suspensa.

O castigo, posteriormente, teria sido substituído por enforcamento pelo segundo delito, de acordo com declarações do procurador-geral da nação persa, Gholam Hossein Mohseni-Ejei.

FAÇA UM COMENTÁRIO

Por favor digite um comentário
Por favor digite seu nome aqui