ONU atrasa em 1 dia envio de ajuda alimentícia à Somália

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 O Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) adiou para quarta-feira a abertura de uma ponte aérea de ajuda alimentícia à Somália, após declarar há quase uma semana estado de crise de fome em duas regiões do sul do país africano.

‘Provavelmente não vai acontecer hoje (terça-feira). O avião decolará amanhã’, declarou à Agência Efe o porta-voz do PMA para a África do Sul, Central e do Leste, David Orr, no Aeroporto Internacional de Nairóbi, onde finalizava os preparativos.

O atraso ‘tem a ver com trâmites de alfândega, aeroporto e carga. São provisões que procedem da França e passarão por trâmites para embarcá-las para Mogadíscio’, explicou Orr.

‘Falamos de um avião que transportará provisões a Mogadíscio e voltará a Nairóbi. Não sei se será um voo diário. Suponho que sim, mas será um voo regular de provisões de emergência para crianças’, acrescentou.

O porta-voz do PMA informou que a carga é uma ‘comida especial pré-cozida para crianças destinada a tratar a desnutrição’, e que ‘são 14 toneladas de provisões, que é a carga máxima do avião’.

De acordo com Orr, a agência da ONU espera que a carga chegue nesta quarta-feira a Mogadíscio e ‘seja distribua entre crianças refugiadas com desnutrição procedentes do interior (da Somália), próximas às zonas de crise de fome’.

A diretora do PMA, Josette Sheeran, anunciou na segunda-feira que a ponte aérea para proporcionar ajuda alimentícia à população do Chifre da África, afetada por uma grave seca, ia começar na terça-feira, mas impedimentos burocráticos atrasaram esses planos.

Sheeran fez esse anúncio durante reunião realizada em Roma, na sede da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), sobre a crise na região, onde 11 milhões de pessoas estão em situação crítica.

Além de ir a Mogadíscio, os aviões com a ajuda alimentícia devem alcançar também as cidades de Dolo (Etiópia), na fronteira com a Somália, e de Wajir, no norte do Quênia.

No último dia 20 de julho, a ONU declarou oficialmente o estado de crise de fome em duas regiões do sul da Somália, Bakool e Baixa Shabelle, algo inédito neste país nos últimos 20 anos.

Quase metade da população somali, 3,7 milhões de pessoas sofrem nessa crise humanitária, sendo que 2,8 milhões residem no sul, indicam os dados divulgados pelas Nações Unidas.

A falta de comida em Mogadíscio, que nos últimos dois meses recebeu 100 mil refugiados que buscam na capital somali abrigo da guerra e da seca, provocou saques e enfrentamentos, denunciou nesta terça-feira o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Por sua parte, o primeiro-ministro somali, Abdiweli Mohammed Ali, que visitou em Mogadíscio às vítimas da crise de fome que chegaram ao acampamento de Waberi, acusou nesta terça-feira as agências de assistência humanitária de não ajudar o povo somali.

‘O Governo fará tudo o que puder para nos ajudar, mas devo aproveitar este momento para criticar as agências de ajuda, inclusive a Acnur, por seu fracasso em ajudar as pessoas necessitadas’, afirmou.

Em Nairóbi, a subdiretora do PMA para o Quênia, Pippa Bradford, advertiu que a seca no Chifre da África ‘vai ser muito dura’, e que farão falta ‘mais contribuições dos doadores’, enquanto a ONU calcula que necessita US$ 1,6 bilhão para enfrentar a crise.

O ministro francês de Agricultura, Bruno le Maire, anunciou na segunda-feira em Roma a realização de uma conferência de doadores para quarta-feira, em Nairóbi, a fim de analisar ajudas para o Chifre da África.

No entanto, a porta-voz em Nairóbi do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Rita Maingi, esclareceu à Efe que não se trata de uma conferência, mas de ‘uma reunião de doadores ordinária realizada todo mês e não é pública’.

 

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