Portugal virou à direita, graças ao furacão do Chega.

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AD – 29,54% dos votos – PS – 28,66% dos votos – Chega – 18,05% dos votos.

 O partido de André Ventura provocou uma revolução eleitoral. Um fenómeno em todo o País, com vitória no Algarve e resultado marcante, em termos simbólicos, no Alentejo. 50 anos depois do 25 de Abril o antigo feudo comunista deixou de ser um território hegemónico de esquerda. O PCP desapareceu do mapa eleitoral alentejano e não conseguiu eleger na região. Bragança foi o único círculo onde o partido mais à direita não conseguiu eleger deputados.

O Parlamento agora tem uma esmagadora maioria de direita. A AD foi a coligação mais votada, mas Montenegro não consegue maioria absoluta, nem em conjunto com a Iniciativa Liberal. Mas o PS, apesar de arrasado, ainda lutou até ao fim. E o resultado final vai depender dos 4 deputados da emigração. No dia 20 de março vão ser contados os votos dos emigrantes e aí se ficará a conhecer a composição final do Parlamento.

À onda rosa de Costa em 2022 não se seguiu uma onda laranja, porque a força dessa maré passou para o Chega. A subida do Chega criou um novo bloco, num Parlamento tricéfalo, com 3 partidos. PS à esquerda, PSD à direita e agora um grande partido populista mais à direita. Ventura fica agora com um grande grupo parlamentar, uma choruda subvenção pública e pode contratar uma grande máquina partidária.

Há uma maioria de direita no Parlamento, mas falta saber se haverá Governo estável. O PSD, mesmo sem os votos dos emigrantes, pode formar Governo com o apoio do Chega, mas Montenegro negou essa possibilidade. Pedro Nuno assumiu a derrota e diz que o PSD pode governar, sem o PS viabilizar qualquer moção de rejeição.

O PS foi quem mais perdeu face a 2022. Na região Norte perdeu para a AD, e no Sul sofreu com o Chega. No entanto, o partido liderado por Pedro Nuno conseguiu, mesmo assim disputar taco a taco as eleições com a AD.

À esquerda, só o Livre pode cantar vitória clara. Rui Tavares vai ter um grupo parlamentar, o que significa mais recursos financeiros para atividade política e possibilidade de contratação de mais quadros.

Um grande derrotado é o PCP e a sua coligação CDU. Enfrentou a ameaça de desaparecimento do Parlamento. Desmentiu essas sondagens, mas viu o Chega dominar os territórios onde era forte. O fim da representação parlamentar comunista no Alentejo é um marco histórico, uma região onde os comunistas foram hegemónicos.

Na cintura industrial de Lisboa e nas periferias da capital e da península de Setúbal, agora é o Chega que conquista o voto que outrora era comunista.
Esta segunda-feira, o País político acorda muito diferente. Há mais dúvidas do que certezas. Pedro Nuno deu os parabéns ao líder do PSD. Montenegro deverá ser o primeiro-ministro, mas não terá vida fácil.

Jornal Correio da Manhã

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