Decepção: Quando o ídolo vira vilão

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Eles são esportistas famosos, exemplos de boa saúde, talento e determinação que acabaram atrás das grades. Ídolos que se envolveram em crimes assustadores e provocaram grande frustração entre os fãs mais jovens, que pode até se converter em trauma no caso de crianças

Para o jovem torcedor do Flamengo Fred Lee Soares, de 15 anos, seu ídolo no futebol, o goleiro Bruno, mudou de time: deixou o dos bons e passou para o dos que são e dão maus exemplos. Assim como ele, centenas de fãs ficaram desnorteados e decepcionados quando Bruno Fernandes das Dores de Souza (ex-capitão da equipe carioca e jogador do time desde 2006) foi apontado como principal suspeito pelo desaparecimento da ex-namorada Eliza Samudio, de 25 anos, desaparecida desde o dia 4 de junho. Os mais frustados são as crianças e os jovens brasileiros, que se inspiravam no jogador. Após sua prisão, o talento – o clube italiano Milan estudava contratar Bruno – e as boas ações – ele ajudava o 100%, time de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG) – se apagaram frente aos novos fatos levantados pela polícia, que trabalha com a hipóstese de que Eliza foi assassinada com requintes de crueldade e que o crime foi premeditado por Bruno. “Sempre o admirei. Nas peladas com os colegas, era o goleiro do time e brincava dizendo que eu era o Bruno, goleirão do Flamengo. Até chorei quando vi a notícia. Foi demais saber que o ídolo não existe mais. Jamais vou torcer por um homem que bate e pode ser o assassino de uma mulher”, desabafa o jovem Fred.

Bruno era admirado não só por torcedores, mas também pelos amigos, alguns dos quais também foram presos, acusados de envolvimento no desaparecimento de Eliza (leia mais detalhe das investigações na página 10). É o caso de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, braço direito do jogador, que recentemente registrou sua adoração pelo amigo jogador de futebol na pele: “Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro”, diz a frase tatuada nas costas.

Entre os adolescentes como Fred o impacto pode ser forte, mas entre crianças pode chegar próximo ao trauma. “É sabido que até os 7 anos de idade as crianças copiam os pais. Depois, é natural que elas tenham ídolos, pois eles são uma projeção do que gostaríamos de ser. Isso dura até a adolescência, enquanto desenvolvem a personalidade e a individualidade”, explica o psicólogo Renan Lagoas, que presta consultoria psicopedagógica para escolas em São Paulo. “É importante mostrar para crianças e jovens que o que eles admiravam era o trabalho de Bruno, não sua conduta como ser humano”, defende Lagoas. Outra dica é não esconder a verdade: não precisam ser passados os detalhes sórdidos do caso, mas a criança pode saber que o goleiro fez algo muito errado e que vai pagar pelo que fez.

Nival Dias de Sá, presidente do Venda Nova Futebol Clube, de Minas Gerais, time onde o goleiro começou a carreira, disse à revista “Isto É” que teve que conversar com os mais de 400 jovens que treinam lá e que tinham o jogador como exemplo a seguir para alcançar o estrelato no mundo do futebol. “Expliquei que esse caso serve de exemplo para que eles não se envolvam com más companhias e só façam o bem”, declarou à publicação.

“A queda de um mito normalmente provoca um choque forte nos adolescentes, mas a tendência é de que o jovem torcedor procure outro substituto para ocupar seu coração. Afinal, seu clube é mais importante do que a idolatria. E ele acaba não perdoando aquele atleta que fez seu mundo cair, que o fez chorar e até ser ridicularizado pelos amigos”, diz a psicóloga Andréa Pedrosa.

Mas a reviravolta na figura do goleiro Bruno, que passou de ídolo a vilão, não é o primeiro caso a acontecer entre esportistas. Em 1994, o ex-jogador de futebol americano O. J. Simpson foi acusado de matar a facadas a esposa Nicole Brown e o amigo dela Ronald Goldman, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O julgamento foi longo, durou cerca de 1 ano, foi intensamente acompanhado pela mídia e teve um desfecho polêmico: o jogador foi absolvido. Apesar de ter sido inocentado pela corte, O.J. Simpson ficou com a reputação manchada, nunca mais voltou a jogar profissionalmente e cometeu novos crimes anos depois. Em 2007, acabou preso – atualmente, cumpre uma pena de 33 anos (por roubo e sequestro, entre outras acusações).

Um pouco antes de Simpson, outros esportistas haviam aberto precedente nos tribunais dos Estados Unidos. O caso do pugilista Mike Tyson foi um dos mais famosos. Em 1992, ele foi acusado pela ex-miss Desiree Washington de estupro. Foi condenado a 6 anos de prisão, mas cumpriu metade em regime aberto.

Também acusado de estupro, em 2003, Kobe Bryant, jogador de basquete estrela da NBA (Liga Nacional de Basquete dos Estados Unidos), conseguiu se livrar do processo que, se tivesse sido levado adiante, poderia tê-lo colocado na prisão perpétua. Para a psicóloga Rosa Milleti, especialista em atendimento a estudantes da rede pública de ensino, a sucessão de fatos desagradáveis levam o jovem torcedor a esquecer seu ídolo, principalmente para escapar das inevitáveis gozações dos torcedores de times adversários. “Nenhum jovem gosta de tomar como exemplo alguém que dá a oportunidade para que torcedores de outros clubes zombem deles, como parece estar acontecendo com os rubro-negros e Bruno”, diz.

Outro caso famoso do basquete norte-americano é o do polêmico Denis Rodman. O jogador foi preso por bater em Carmen Electra em 1999 – a atriz era casada com ele na época. Em 2008, foi acusado de bater em outra esposa. Também do basquete, o astro Charles Barkley é um dos campeões de ocorrências policiais. Ele já foi preso três vezes por dirigir embriagado, a última delas em fevereiro de 2009. A primeira vez que foi para a cadeia, em 1991, foi acusado de bater em um homem. “O problema destas pessoas que foram colocadas na posição de ídolos é que essa adoração lhes traz um sentimento de invencibilidade, de estar acima do bem e do mal”, conclui o psicólogo Renan Lagoas.

Com base na Folha Universal

2 COMENTÁRIOS

  1. Infelizmente o que o Bruno fez , se fez é horrível ainda não caiu a ficha, não consigo acreditar que ele jogou tudo fora por uma simples burrice… Mas continuo o admirando pelo o que ele fez dentro de campo, como boa flamenguista mesmo depois de tudo que houve gostaria que ele voltasse para o meu time, afinal , todos merecemos uma segunda chance , mas como ser humano , tenho vergonha de ver e ouvir tudo que ele fez…

  2. Bom dia a todos
    gostaria muito de falar que conheço Bruno pessoalmente e ele e pk mane.
    jogo no 100% time que ele patrocina gostaria de falar que ele patrocinava nao e so com dinheiro, nao mossada ele tabem nos dava muito respeito e amizade.
    Po e o que ele fez por nós ninguém fez nenm político em época de eleiçao
    ele realizou o sonho de muitos que ainda nao conhecia a praia era restaurante de primeira qualidade, ele sempre nos ajudou muito e torço muito por ele até e pra falar de alguem mossada temos que conhecer
    pque é f… vc julgar mas imagina pra ele que ta sendo julgado……amigo sempre 100%e nois

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