Ex-Presidente do TJ-MG confessa corrupção

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“Estou arrependido, mas não tem jeito de voltar atrás. Estar na cadeia é o de menos. O que me faz ter vontade de morrer todos os dias é a vergonha”, disse juiz Luiz Carlos Gonçalo Elói; confessou ter aplicado o mesmo golpe em três empresários: cobrou propina com a promessa de favorecê-los em contratos com o órgão onde trabalhou durante 30 anos

Ex-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o juiz Luiz Carlos Gonçalo Elói confessou ter aplicado o mesmo golpe em três empresários: cobrou propina com a promessa de favorecê-los em contratos com o órgão onde trabalhou durante 30 anos. “Estou arrependido, mas não tem jeito de voltar atrás. Estar na cadeia é o de menos. O que me faz ter vontade de morrer todos os dias é a vergonha”, disse o magistrado, chorando.

O depoimento foi prestado ao juiz Haroldo André Toscano de Oliveira, da 2ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, para quem Elói fez questão de isentar qualquer magistrado, servidor ou estagiário do Judiciário de participação no esquema. Alegou que usou o cargo de direção – o mais alto no setor administrativo do TJ – para obter vantagem em razão de dívidas pessoais que contraiu ao longo dos anos.

A fraude veio à tona pelo empresário André Luiz Dias, que alegou ter pago R$ 225 mil a Elói com a promessa de um contrato de pouco mais de R$ 2 milhões para a prestação de serviços gráficos ao Tribunal de Justiça.

O dinheiro foi pago entre 2010 e 2011 em parcelas – das quais três em cheques de R$ 50 mil entregues a um amigo do ex-diretor do TJ, Antônio Lúcio da Silva, em um restaurante no Centro da capital mineira. Passado um ano do pagamento, sem a realização do contrato, o empresário exigiu que Luiz Carlos Elói assinasse uma promissória e um “instrumento particular de confissão de dívida e promessa de pagamento”.

Pela prática ilegal, André Luiz, Luiz Carlos Elói e Antônio Lúcio respondem por crimes de corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro em ação ajuizada pelo Ministério Público estadual. O terceiro réu está foragido e por isso teve a ação referente a ele desmembrada.

Em seu depoimento, o ex-diretor do Tribunal de Justiça disse que o golpe foi idealizado por Antônio Lúcio, e que a princípio ele resistiu a aplicá-lo, mas diante da pressão de agiotas para que quitasse suas dívidas, não teve outra alternativa. “Acho que tentei resistir por saber que não haveria a menor possibilidade de dar certo, mas acabei cedendo”, afirmou.

Ele justificou que o cargo que ocupava no TJ não dava a ele o poder para assinar contratos ou definir licitações públicas. “Era uma história fantasiosa sem a menor condição de se realizar. Foi um conto do vigário, e o André acreditou”, disse. O acusado afirmou que não tem noção de quanto deve nem a quais agiotas,  tamanho o desequilíbrio financeiro que enfrenta.

Brasil 247

 

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