O ministro da Fazenda, Guido Mantega, embarca amanhã (29) para Istambul, na Turquia, onde será realizada a próxima reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), em meio às discussões sobre a maior participação dos países emergentes nas decisões dos dois organismos multilaterais. Antes de desembarcar na Turquia, ele faz escala em Roma. Além de Mantega, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estará no encontro como representante do Brasil.
As reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial reúnem, segundo material de divulgação do encontro, presidentes de bancos centrais, ministros das áreas de finanças e desenvolvimento, executivos do setor privado e acadêmicos para “discutir questões de interesse global, incluindo a visão de mundo econômico, a erradicação da pobreza, o desenvolvimento econômico e a eficácia desse tipo de ajuda”. A reunião na Turquia, conhecida como Encontro de Outono, será a primeira nesse formato realizada pelo dois organismos multilaterais desde que o mundo começou a dar sinais concretos de que o pior da crise econômica mundial já passou.
Ainda sobre os efeitos da maior crise econômica da história recente, a reformulação dos dois organismos multilaterais tem sido defendida por vários países, incluindo o Brasil. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é preciso uma maior participação dos países emergentes nas decisões do FMI e do Bird.
“Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar a participação na direção do FMI e do Banco Mundial. Sem isso, não haverá efetiva mudança e os riscos de novas e maiores crises serão inevitáveis”, disse durante a abertura da 64ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na semana passada. Lula disse ainda, durante a sessão, que mesmo passados 12 meses da deflagração da crise financeira internacional, a maioria dos problemas de fundo não foi enfrentada.
Após a Assembleia Geral da ONU, Lula participou da reunião do G20 Financeiro, também realizada nos Estados Unidos. No encontro, o bloco conhecido como Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que reivindicava um aumento da representação no FMI de 7%, ficou com 5%.
O G20 Financeiro é composto pelos ministros da área econômica e presidentes de bancos centrais de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. O outro componente é a União Europeia, representada no grupo pela presidência rotativa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Central europeu.
Diante do FMI, o Brasil atualmente é visto como um possível credor e não mais como devedor. Em abril deste ano, o fundo convidou o Brasil a fazer parte dos países credores da organização multilateral e o governo brasileiro aceitou a proposta. Segundo Mantega, durante reunião do G20, em Londres, naquele mês, ficou combinado que os países “mais fortes, os que têm recursos disponíveis” dariam aportes de forma que o fundo obtivesse mais US$ 500 bilhões para poder ajudar os países em dificuldade.
Dois meses depois do convite, o ministro anunciou que o Brasil disponibilizaria US$ 10 bilhões ao FMI. Se o fundo recorrer ao empréstimo, será a primeira vez que isso ocorrerá. A operação seria feita por meio da aquisição de bônus do FMI expressos em Direito Especial de Saque (DES), uma espécie de moeda do fundo.