Ministério Público acata denúncia contra a desassociação das Testemunhas de Jeová!

339

* Sebastião Ramos
Como se sentiria se a partir de amanhã seus amigos cortassem relações com você e não mais lhe cumprimentassem, caso te encontrassem na rua, no trabalho ou em qualquer outro lugar? Com certeza faria o possível para evitar essa situação vexatória. O mais grave seria quando parentes diretos, incluso sua mãe, seu pai, irmãos ou filhos limitassem o contato apenas a assuntos domésticos. Pior ainda se você não tivesse feito absolutamente nada que os prejudicassem. Humilhante, não? Pois é essa a situação de uma pessoa quando é desassociada ou pede dissociação da igreja Testemunhas de Jeová.*

Os cearenses, apesar de ser um povo sofrido, têm mostrado, ao longo da história, que não toleram injustiça. Por esta razão, em março de 2009, foi denunciado a desassociação, da Igreja Testemunhas de Jeová, a partir de um artigo em diversas mídias do Estado e do Brasil, com o tema: Quem Tem Autoridade Para excomungar?, Porém, agora, a denúncia chegou ao Ministério Público e foi acatada como uma suposta discriminação religiosa. A síntese da denúncia está relacionada com o rompimento de laços entre associados e desassociados e por não haver a liberdade para quem almeja se dissociar da crença.

Em um congresso realizado neste ano, pela referida organização religiosa, foi lançado um livro intitulado: Mantenha-se no Amor de Deus, no qual um tópico salienta como tratar uma pessoa desassociada. De acordo com o que está transcrito: Não nos associamos com desassociados, quer para atividades espirituais, quer sociais. Um simples oi dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado? Até o ano de 1980, as pessoas tinham o livre arbítrio para se dissociarem da crença, sem correr nenhum risco de perseguição, no entanto, a partir do ano seguinte, arbitrariamente, as pessoas dissociadas passaram a ser colocadas na mesma categoria das desassociadas, ou seja, os associados não podem mais saudar um amigo com um simples oi, para não gerar uma má influência.

A morte civil na Idade Média foi aplicada por muitos anos no Brasil. O réu ficava a sua própria sorte não podendo participar de nenhum ato da sociedade. Mas, será que a morte civil pode ser comparada com a desassociação? Embora eu não seja jurista, em minha humilde compreensão é perfeitamente associável, na medida em que um ser humano é julgado e expulso, por ter cometido um pecado, ou porque deixou de acreditar nos dogmas da religião, passando a ser tratado persecutoriamente, a ponto de não mais ser permitido que lhe seja dirigido nenhum tipo de cumprimento. Entretanto, não significa somente a exclusão de um meio social, mas, a própria morte civil. Para os que perderam entes queridos e amigos que cultivaram durante décadas, o caso pode ser ainda mais grave, acarretando as chamadas doenças sociais, que envolvem as depressões e uso de drogas, entre outras. Perante tanto terrorismo psicológico, seria compreensível que muitos desistam de se dissociarem, como certo jovem relatou: Desde que deixei de freqüentar as reuniões congregacionais, os anciãos me pressionam a pedir a minha dissociação, e o pior é que a minha própria mãe vem me alertando diariamente que, se eu abandonar a crença, me terá como um deserdado da família, e me colocará para o olho da rua. Uma pergunta: De quem é a culpa por esta implacável perseguição? Em primeiro lugar recai, sobre a liderança no Brasil reconhecida pela a Associação das Testemunhas Cristãs de Jeová. Em segundo plano, os anciãos congregacionais, consignados, carregam a meia-culpa, pelo fato de serem eles que expulsam o errante. Vale lembrar que domingo, 20/09/2009, houve uma manifestação no Rio de Janeiro, em Copacabana, contra intolerâncias religiosas.

Cristo, certa vez, disse aos seus discípulos que enquanto os mestres da lei e os fariseus amarravam cargas pesadas aos ombros dos outros, não estavam dispostos a moverem com um dedo ou fazerem qualquer tipo de sacrifício pelo seu povo. Há quem diga que a desassociação é uma das cargas mais pesadas, pois, todos pagam um preço altíssimo para carregá-la, sejam desassociados, dissociados ou associados. O filme dinamarquês, intitulado To Verdener, Mundos Separados, relata a história real de uma família de testemunhas de Jeová que foi dividida literalmente, pela desassociação.

No decorrer da história, muitos que detiveram o poder em suas mãos, seja de cunho político, filosófico ou religioso, perderam a racionalidade, deixando um triste legado para a humanidade. Um dos reis mais sábios, Salomão, certa vez disse que, durante todo o tempo em que ele viveu debaixo do sol, homem tem dominado homem para seu prejuízo. Infelizmente, embora vivamos no século XXI, essas palavras soam muito mais forte. É preciso que os líderes das testemunhas de Jeová reconheçam que o Deus dos céus continua sendo o Único Legislador e Juiz de toda a terra, e que não transferiu o seu poder para seres humanos imperfeitos julgarem o seu próximo de uma forma tão brutal.

Quanto à investigação processual sobre a desassociação, cuja tramitação já se iniciou no Ministério Público, alguns supõem que é possível, além da presumível discriminação religiosa, uma violação da declaração universal sobre diversidade religiosa e direitos humanos, especificamente, no artigo XVIII, pela Igreja Testemunhas de Jeová. É elogiável que a Comissão de Direitos Humanos, da Câmara Municipal de Fortaleza, e da Assembléia Legislativa do Ceará, comecem a se mobilizar no acompanhamento dos trâmites jurídicos do referido processo. Assim, quem sabe se as entidades representativas dos direitos humanos, em uníssono, com o Ministério Público e a justiça, não venham a constituir um ordenamento jurídico, e, por sua vez, uma jurisprudência para que sejam anistiados todos os que sofrem por conta da desassociação? Uma questão é certa: ninguém discorda que a denúncia é séria e o caso inspira cuidados! Não é por nada que brasileiros e pessoas no mundo inteiro vivem em tratamentos psiquiátricos. Concluindo o assunto, retorno a perguntar: as autoridades estão dispostas a ouvir esta sub-parcela da sociedade que clama por socorro às escondidas?

** Desassociados: pessoas que são expulsas; dissociados: os que saem voluntariamente; associados: são os que permanecem na religião.

* Sebastião Ramos funcionário público federal na UFCE – email: [email protected]

5 COMENTÁRIOS

  1. Com certeza este assunto referente as TJ só pode ser de um apostata agente do iniquo que só obedece as escrituras em assuntos que lhe convem , esta muito longe de ser um verdadeiro discipulo de cristo, até agora só falou blábláblá, as TJ não tem lideres e sim um só lider que é cristo. As TJ é a unica religião no mundo que respeita as orientações biblicas e as obececem, reclamen com o autor da biblia se as TJ se deixa ser orientadas pelas escrituras. antes de falar a respeito das TJ pesquise a biblia como neste assunto de desassociação como entende 2João: 9-11 ; 1Corintios 5: 9-13 esses textos não se trata de uma interpletação mas sim de uma declaração bem clara, acata quem é realmente um verdadeiro discipulo de cristo.

  2. Sr. Barreto, a sua religião está desrespeitando a lei do país e a declaração universal dos direitos humanos, no seu artigo XVIII, especificamente, quando afirma que, toda o cidadão tem o direito a liberdade de crença e religião, e esse direito proporciona mudar de religião ou crença… Na Bélgica, a Corte Suprema daquele país já está intervindo, na Rússia, está sendo proibido a participação em determinados assuntos da religião, no Brasil o Ministério Público está tentanto intervir contra o ostracismo religioso perpetrado pela desassociação. Haveria de convergir que disciplina é uma coisa, intolerância tem que ser coibida pelo Estado e suas instituições. Não se trata de apostasia, mas de direitos humanos e leis que estão sendo violadas, amigo. Que possa refletir nas palavras descritas, certo? Se desejares entrar em contato, estou a disposição para lhe explicar mais sobre o ponto em questão. E-mail: [email protected]

    • Conhecendo tão bem o princípio bíblico , quem devia ser processado era o próprio criador de tal ordem, de tal instrução.
      Ela é clara, basta conhecer o conteúdo da bíblia. A religião apenas é obrigada a transmitir uma instrução de um livro no qual ela se baseia. A família não acha nenhum proveito uma associação com uma membro que tornou claro que não tem nada que ver com o Deus que sua família serve. que assunto vão tratar? do que vão falar? música? dinheiro? trabalho? roupa? Diversão? Todos esses assuntos, na vida de um cristão genuíno, tem uma visão da própria bíblia. Se a família e os amigos de uma pessoa desassociada fazem realmente tanto sentido assim, porque ela não volta a conviver com os mesmos? é simples,ela respeita e adora o mesmo Deus. aceita as mesmas leis e as disciplinas do mesmo Deus que seus amigos e familiares amam e obedecem. Quando uma pessoa quer ser cidadã de outro país ela precisa se naturalizar. Viver a altura das leis daquela nova nação. Quando ela não acata tais leis, sofre as penalidades como qualquer cidadão oriundo de tal país.
      Alguem que não aceita as leis do Deus da bíblia não pode fazer questão para estar
      entre aqueles que querem viver a altura desse Deus. A averiguação da bíblia nesse caso é imprescindível. E ela é claramente categórica, o impenitente que não quer servir ao Deus da bíblia, não pode estar entre aqueles que se esforçam
      para isso.

      Acho que todos tem o direito de expressão. mas a palavra de Deus é inescusável.

      Fica aqui meu sincero e sigelo conceito.

      Foi o próprio Jesus quem disse:
      “quem não está do meu lado é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha” – (Lucas 11:23)

      Aquele que quer estar no meio (ter associação: conversa, recreação, refeição…) daqueles
      que se esforçam a agradar ao seu criador e provedor da bíblia, precisa fazer o mesmo.
      Com certeza o próprio Jesus não teria como discípulo, ou amigo, alguém que desconsiderasse a lei de seu Pai.

      Julguem ao criador da lei.

      Ps: No momento sou dessassociado do meio das testemunhas de jeová. mas estou dando os passos necessários para voltar a falar a mesma língua que elas.

    • Parei no “sua religião está desrespeitando a lei do país e a declaração universal dos direitos humanos, no seu artigo XVIII”. kkkkkkkkkkk… chupa magoadozinho. Sou desassociado, mas não estou fazendo esse papel de ridiculo seu.

  3. Sebastião, já que você falou em leis e conduta de uma maneira radical gostaria de perguntar ao senhor se comeria na mesma mesa de um pedófilo, traficante, assassino, estuprador ou ladrão. Ou se o senhor leva longas conversas com bêbados quando passa em um porta de um bar. Se sua resposta para algumas dessas situações é não então o senhor esta desassociando essa pessoa de sua vida e esta “desrespeitando” as mesmas leis que comentou. Não somos obrigados a nos associar com todas as pessoas do mundo. Não desrespeitamos os direitos das pessoas, apenas não compartilhamos de ações que ela realiza e é desaprovada pelos princípios bíblicos. As testemunhas de Jeová seguem tão somente a Bíblia. Outras religiões possuem praticas parecidas e não vejo longas matérias as criticando com exemplo a católica de excomunga pessoas que não obedecem suas regras ou praticas esportivas quando um jogador é expulso do campo porque cometeu falta grave ou um atleta que é impedido de realizar uma prova ou participar de uma competição porque fez uso de componentes químicos desaprovados mesmo que esse alegue que era parte de algum medicamento comum. Enfim, antes de fazer “tempestade em copo d’agua analise a questão por um âmbito maior. Diz um ditado popular ” Uma batata podre em um saco de batatas boas apodrecerá todo o resto “

FAÇA UM COMENTÁRIO

Por favor digite um comentário
Por favor digite seu nome aqui