Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto é preso na 12ª fase da Lava-Jato

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SÃO PAULO e CURITIBA – O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira na 12ª fase da Operação Lava-Jato. Vaccari foi preso em sua casa em São Paulo por volta das 6h e chegou à superintendência da PF em Curitiba por volta do meio-dia. O petista é acusado de operacionalizar o recebimento de propina para a legenda em obras da Petrobras, na construção de navios e sondas para o pré-sal. Além de ser suspeito de participar de um esquema no Fundo de Pensão dos Trabalhadores da Petrobrás (Petros) e de enriquecimento ilícito.

Além dele, a sua mulher, Giselda Rousie de Lima, foi ouvida na própria residência do casal num mandado de condução coercitiva, quando a pessoa obrigatoriamente depõe. A cunhada do tesoureiro Marice Correa de Lima teve um mandado de prisão temporária emitido, mas ainda não foi localizada. Os procuradores do MPF dizem que se ela não for localizada, pode ter a prisão temporária transformada em preventiva, onde ela pode ficar presa por tempo indeterminado, ela é suspeita de ter recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef. Nesta fase da Lava-Jato estão sendo cumpridas quatro ordens judiciais: um mandado de busca e apreensão, um de prisão preventiva, um de prisão temporária e um de condução coercitiva. Todos em São Paulo. Às 10 horas, em entrevista coletiva, em Curitiba, a PF dará detalhes da operação desta quarta-feira.

Em despacho, o juiz Sergio Moro justificou a detenção do tesoureiro do PT alegando que “a manutenção dele em liberdade” oferece risco as instituições por que mesmo após o oferecimento de denúncia, “ele remanesce no cargo de tesoureiro do Partido dos Trabalhadores”.
“O mundo do crime não pode contaminar o sistema político-partidário”, afirmou Moro no documento.

Os investigadores detectaram vários depósitos suspeitos nas contas da mulher, da cunhada e da filha de Vaccari o que, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, são indícios de “lavagem de dinheiro”. Dois apartamentos — um em nome da cunhada e outro em nome da filha de Vaccari — foram citados como parte do esquema.

A casa de Vaccari, no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo, permaneceu fechada desde a prisão do ex-tesoureiro do PT. A família recebeu a visita apenas de Nayara, por volta das 8h. Os vizinhos falam que o casal é bastante discreto e se mudou para a casa há cerca de quatro anos. O ex-tesoureiro não teria apresentado resistência à prisão.

Marice, a cunhada de Vaccari, ainda não foi localizada mas, segundo os investigadores, já sabe do mandado de prisão temporária.

Os investigadores citaram a compra de um apartamento por Marice de R$ 200 mil em São Paulo, que foi revendido à construtora OAS por R$ 480 mil. Mais tarde, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o mesmo imóvel foi vendido novamente pela OAS por menos de R$ 400 mil o que, segundo ele, “é uma operação suspeita (…) típica de lavagem de dinheiro”.

Outro apartamento, em nome da filha da Vaccari, também foi citado pelos investigadores. Segundo eles, Nayara não tem recursos para realizar a transação. Esses apartamentos já apareciam nas investigações do Ministério Público Estadual de São Paulo relacionadas à gestão de Vaccari na Cooperativa do Bancários de São Paulo (Bancoop). E agora também fazem parte das investigações da Lava-Jato.

POSIÇÃO SEMELHANTE À DE YOUSSEF

Segundo o delegado Igor Romário de Paula, o principal motivo da prisão preventiva de Vaccari é a reiteração das atitudes criminosas. De acordo com o delegado, a função que o tesoureiro exerce facilita as operações de corrupção e desvio de dinheiro.

— Na posição que ele mantém hoje, a influência que ele tem, como tesoureiro do partido, deixa ele num ambiente favorável a manter a conduta criminosa. Então assim, se o foco hoje está na Petrobras, nada garante que a conduta criminosa não está continuando na Caixa Econômica ou no Ministério da Saúde. Se ele sequer foi afastado da função dele no partido, o que não é garantia dele parar, já que poderia continuar como uma pessoa informal em nome do partido. Mas se sequer isso foi tirado, é um sinal que ele continua com a mesma influência e potencial de fazer as mesmas operações — disse o delegado.

CPI

No último dia 9, João Vaccari Neto foi ouvido na CPI da Petrobras, na Câmara dos Deputados, e disse que todas as denúncias feitas pelos delatores envolvendo o nome dele não são verdadeiras. O tesoureiro do PT é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, de acordo com denúncias feitas por delatores da Operação Lava-Jato.
Os delatores afirmam que Vaccari intermediou doações de propina em contratos com fornecedores da Petrobras. O dinheiro seria usado para financiar campanhas políticas. Vaccari disse, em contrapartida, aos deputados integrante da CPI da Petrobras, que todas as contas do PT são legais e não possuem irregularidades.

Ratos

Em sessão bastante tumultuada, a CPI da Petrobras, na semana passada, para ouvir Vaccari começou com ratos soltos no plenário por um funcionário da Câmara, que acabou sendo exonerado de cargo na Mesa Diretora da Casa.

 

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