Fim do martírio na hemodiálise no Norte de Minas

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PIRAPORA – Pacientes com problemas renais de Pirapora, no Norte de Minas, aguardam ansiosos pelo início das operações do serviço de hemodiálise do Hospital São Sebastião. Quando os equipamentos de filtragem e depuração de resíduos do sangue começarem a operar, a partir da próxima segunda-feira, eles não mais precisarão se deslocar 163 quilômetros até a vizinha Montes Claros para a realização do tratamento, feito, em média, três vezes por semana.
O novo setor hospitalar já foi oficialmente inaugurado, na semana passada, mas depende ainda de detalhes burocráticos, como a transferência das fichas e dos registros de tratamento feitos em Montes Claros, para poder receber os pacientes. Até então, eles eram obrigados a se submeter a uma verdadeira via-sacra. Para chegar a tempo de realizar a hemodiálise, a maioria precisava sair d e casa, em Pirapora, de madrugada, por volta das 2 horas, para chegar no centro de tratamento em Montes Claros às 5h30. O retorno acontecia apenas à tarde, após as 14h.
O novo centro de hemodiálise de Pirapora é o terceiro a funcionar fora de Montes Claros. Atualmente, Brasília de Minas e Janaúba já estão prestando esse serviço na Região do Norte de Minas. O serviço de Salinas, credenciado desde o ano passado, ainda depende de definições para entrar em operação.
Dotada de 14 máquinas (cada uma ao custo aproximado de R$ 50 mil), a Unidade de Terapia Renal Substitutiva do Hospital São Sebastião tem capacidade para atender 58 pacientes da microrregião. Os pacientes serão amparados por profissionais qualificados e experientes na área. O secretário municipal de finanças, Heliomar Silveira, diretor da Fundação Hospitalar Moisés de Magalhães Freire, salienta que a unidade está pronta para entrar em funcionamento, mas o Estado é quem define de onde virão os pacientes.
A dona de casa Vanessa da Silva Duarte, 33 anos, comemora o atendimento de pacientes em Pirapora. Há dois anos, ela descobriu que precisava fazer hemodiálise. Três dias por semana, conta, precisou viajar para Montes Claros. Como residia em Santa Fé de Minas, que fica a 80 quilômetros de Pirapora, tinha dificuldades de se deslocar para chegar a tempo . A solução foi mudar para Pirapora com o marido e quatro filhos. Agora, sua situação ficará menos difícil.
O paciente Nilton Barbosa da Conceição, 63 anos, faz hemodiálise há oito anos, viajando às segundas, quartas e sextas-feiras para Montes Claros. Ele sai de sua casa, no bairro Cidade Industrial, às 2 horas para pegar o ônibus que leva os pacientes a Montes Claros, onde chega às 5h30m. “A criação da unidade de hemodiálise em Pirapora é um alívio. Estou com 95% dos problemas resolvidos, pois posso dormir até mais tarde e voltar para casa imediatamente”, afirma Nilton.
Para o médico nefrologista Fernando Aguiar Vitta, do Hospital Dilson Godinho, a criação da unidade é um alívio para os pacientes, que amenizarão o sofrimento. Ele alerta, entretanto, que é preciso ser feito um novo planejamento da área de nefrologia no Norte de Minas. No hospital onde Vitta trabalha, há capacidade ociosa de atendimento. “Poderíamos atender 200 pessoas, mas só há 120. Enquanto isso, na Santa Casa tem tem 280 pacientes, sendo que o ideal seria 160”, diz.

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