Minas Gerais está entre os dez estados mais afetados pela hanseníase no Brasil, com mais de 12 mil casos na última década

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Levantamento é da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que lança campanha pelo diagnóstico e tratamento precoce da doença. Brasil é o segundo País no mundo em números de casos
Minas Gerais ocupa o décimo lugar no Brasil em número de casos novos de hanseníase. O alerta é da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que, com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, identificou no estado a ocorrência de 12.772 casos novos da doença entre 2010 e 2019. Deste total, 38% chegaram aos consultórios e ambulatórios com algum grau de incapacidade, isto é, quando a doença causa alguma deformidade física ou causa diminuição ou perda de sensibilidade nos olhos, nas mãos e nos pés.
JANEIRO ROXO – Como janeiro é o mês dedicado à conscientização, combate e prevenção da hanseníase no País, a SBD somou forças para apontar a importância de se enfrentar essa doença tropical de evolução crônica, que se manifesta principalmente por meio de lesões na pele e sintomas neurológicos, como dormência e diminuição de força nas mãos e nos pés.
A Região Sudeste do País figura na quarta posição em número de casos novos detectados ao longo da última década: 15% do total, o equivalente a 47.272 mil casos. Em primeiro lugar aparece o Nordeste, com 43% dos registros, seguido do Centro-Oeste, com 19,5% dos casos. Na terceira posição, está a Região Norte (19%). Somente 3,5% dos novos pacientes identificados nos últimos dez anos estão no Sul do Brasil.
Em oposição, cerca de 4% dos casos novos registrados na população brasileira durante o período se concentraram apenas em Minas Gerais. Na liderança do ranking estão: Maranhão, com 36.482 registros (12%); Mato Grosso, com 33.104 (11%); e Pará, com 31.611 (10%). Os estados de Roraima, Rio Grande do Sul e Amapá apresentam os melhores índices, diagnosticaram menos de 1.500 casos novos da doença na década.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO – “São números alarmantes e, apesar disso, a hanseníase ainda é considerada uma doença negligenciada. Trata-se de um contexto contra o qual a SBD e muitos gestores públicos têm trabalhado arduamente ao longo dos anos, a fim de conscientizar a população sobre as manifestações clínicas da doença e assegurar a todos acesso ao diagnóstico e ao tratamento precoce”, ressalta Mauro Henokihara, presidente da SBD.
Segundo ele, a detecção precoce da doença é fundamental para que o paciente evolua sem sequelas e para diminuir a chance de transmissão para outras pessoas, em especial aquelas com quem convive de maneira regular e próxima. “Infelizmente, observamos um aumento na proporção de novos casos que chegam ao médico com o que chamamos de Grau 1 e 2 de incapacidade física, deformidades e incapacidades físicas às vezes irreversíveis”, pontua o dermatologista.
Pelos números apurados pela SBD no Sinan/MS, em 2010 os casos novos diagnosticados em Minas Gerais com algum tipo de deformidade (Grau 2) e com diminuição ou perda da sensibilidade nos olhos, mãos ou pés (Grau 1) representavam 39,4% do total. Os últimos dados nacionais disponíveis, referentes a 2019, mostram que essa proporção saltou para 37,7%. O fato revela que, apesar da diminuição do número de casos ao longo do tempo, grande parte dos pacientes ainda chega ao consultório em estados avançados da doença.
PERFIL DO PACIENTE – Na maior parte do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença preocupa mais com as mulheres quando o assunto é hanseníase, pois elas são mais afetadas pela doença. No Brasil, no entanto, são os homens os mais afetados: 55% dos casos novos detectados na última década. No Brasil, mais da metade dos pacientes com diagnóstico de hanseníase na década tinham entre 50 e 59 anos (18%), 40 e 49 anos (18%) e 30 e 39 anos (17%). Outra parcela significativa tinha mais de 60 anos (22%) ou estava na faixa entre 20 e 29 anos (12%).
Para Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD, isso pode estar relacionado a uma série de fatores, como a classe social e a menor frequência com que eles vão a consultas médicas. “A hanseníase tem uma característica interessante: a pessoa precisa estar atenta aos sinais o próprio corpo. Muitas vezes são manchas silenciosas, que não doem e não coçam. E sabemos que, culturalmente, o homem brasileiro tem mais dificuldade de ir ao médico e cuidar da própria saúde”, ressalta.
Os analfabetos e com ensino fundamental incompleto representam 54% das notificações da doença nos últimos dez anos. “A hanseníase está classificada entre as doenças ditas negligenciadas, que atingem populações com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O Brasil, apesar de estar entre as grandes economias mundiais, apresenta grande desigualdade social. Nas periferias de suas metrópoles, existem grandes bolsões de pobreza caracterizados por habitações insalubres e difícil acesso aos serviços de saúde”, lembra Sandra Durães.
A especialista alerta, no entanto, que, por se tratar de doença endêmica, a rigor toda a população está exposta e pessoas de maior poder aquisitivo também podem adoecer.
Assessoria de Imprensa
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
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