Ministério da Saúde anuncia aplicativo para incentivar doação voluntária de sangue

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Em campanha nas redes sociais, pasta reforça importância de manter os estoques de sangue abastecidos, especialmente no período de férias e festas de fim de ano. Cada doação pode ajudar a salvar até 4 vidas

Para valorizar a doação voluntária de sangue, facilitar a captação de doares e conscientizar a população sobre a importância de manter os estoques de sangue em níveis seguros, o Ministério da Saúde anunciou no Dia Nacional do Doador de Sangue (25/11), o miniapp Hemovida. A plataforma está integrada ao ConecteSUS e possibilita, entre outras funcionalidades, que o cidadão localize facilmente a rede saúde mais próxima e baixe a carteira do doador, onde consta o tipo sanguíneo e a data da última doação. A ferramenta estará disponível para download nas principais lojas de aplicativos nesta segunda-feira (27).

Os instrumentos digitais reforçam o papel do cidadão como protagonista da sua saúde, defende a secretária de Informação e Saúde Digital, Ana Estela Haddad. “O aplicativo Hemovida estimula a doação de sangue voluntária, um ato de amor que salva vidas”, reforça.

A plataforma é gratuita e tem potencial de ser uma ponte entre os hemocentros da rede pública de saúde e os possíveis doadores. O aplicativo desempenha um importante papel na disseminação de informações sobre a doação de sangue e campanhas em andamento. Entre as funcionalidades, estão:

  • Carteira do Doador

Carteirinha virtual com informações de saúde, tipo sanguíneo e a data da última doação. Fornece um registro pessoal e útil em situações de emergência;

  • Minhas Doações

Histórico completo de doações, incluindo as realizadas, canceladas e agendadas. Há opção de fazer autodeclaração de doação de sangue para manter um registro do compromisso com a causa;

  • Serviços Hemoterápicos

Localização da rede de saúde mais próxima, possibilitando identificar onde doar e receber informações sobre os serviços disponíveis em cada unidade;

  • Convidar Amigos

Promoção da doação de sangue entre amigos e familiares, permitindo compartilhar experiências nas redes sociais e incentivar outras pessoas a se tornarem doadoras;

  • Regras para Doar Sangue

Informações detalhadas sobre como e quem pode doar, bem como os cuidados necessários no dia da doação. Garante que os doadores estejam bem-informados e preparados;

  • Campanhas

Alertas sobre campanhas regionais e nacionais de doação de sangue, permitindo que as pessoas se envolvam em iniciativas de manutenção dos estoques de sangue nos níveis adequados;

  • Avaliar Doação

Perspectiva sobre a experiência de doação, avaliação do estabelecimento, dos profissionais e satisfação geral. Contribui para a melhoria contínua do processo de doação.

Interessados em se cadastrar no ConecteSUS Cidadão devem efetuar o download do aplicativo nas lojas Android ou iOS, ou por meio do site do ConecteSus. O login no app é feito pelo acesso único do Governo Federal (gov.br).

Doação de sangue

A doação é 100% voluntária, um ato de amor solidário que pode fazer a diferença na vida de quem precisa. O sangue doado é utilizado nos atendimentos de urgências, realização de cirurgias de grande porte e tratamento de pessoas com doença falciforme e talassemias, por exemplo, além de doenças oncológicas variadas que frequentemente necessitam de transfusão.

Aproximadamente 1,4% da população brasileira doa sangue, o que representa 14 pessoas a cada mil habitantes. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde trabalha constantemente para aumentar esse índice, conscientizando a população da importância desse gesto na saúde coletiva.

As taxas de doação de sangue no Brasil cresceram em 2023. Entre janeiro e setembro de 2022 foram coletadas 2.340.048 bolsas de sangue (com 450 a 500mL cada). Este ano, no mesmo período, a coleta ficou em 2.452.425, o que representa aumento de 112.377 bolsas. Cada doação pode ajudar a salvar até 4 vidas.

Além da utilização nos procedimentos hospitalares, o sangue doado também pode ser transferido pelos bancos de sangue para a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) produzir hemoderivados, que são fornecidos gratuitamente pelo SUS à população que necessita.

O Ministério da Saúde acompanha diariamente o quantitativo de bolsas de sangue em estoque nos hemocentros estaduais, como estratégia para evitar um possível desabastecimento. “Caso necessário, o Plano Nacional de Contingência do Sangue pode ser acionado, possibilitando o remanejamento de bolsas de sangue de outras unidades da federação para aquelas com alguma dificuldade”, explica a coordenadora geral de Sangue e Hemoderivados, Joyce Aragão.

Quem pode doar?

No Brasil, pessoas de 16 a 69 anos podem doar sangue. Para os menores (entre 16 e 18 anos), é necessário o consentimento dos responsáveis. Entre 60 e 69 anos, a pessoa só poderá doar se já o tiver feito antes dos 60 anos. É preciso pesar no mínimo 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum. No dia da doação, é imprescindível levar documento de identidade com foto.

A frequência máxima admitida é de quatro doações anuais para o homem e de três doações anuais para a mulher. O intervalo mínimo entre doações deve ser de dois meses para os homens e de três meses para as mulheres.

PEC do Plasma

O acesso à saúde de qualidade, a universalização de serviços e o atendimento gratuito para a população é prioridade do governo federal. Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, Carlos Gadelha, a eventual permissão legal para comercialização de plasma no Brasil seria um retrocesso. A possibilidade está em discussão em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no Congresso Nacional.

Segundo Gadelha, a Organização Mundial da Saúde (OMS) rejeita a ideia em debate no Legislativo brasileiro. “Foi uma conquista do Brasil ter proibido a comercialização de sangue na nossa Constituição. Antigamente, tínhamos uma situação onde os brasileiros precisavam vender o próprio sangue para poder ter um prato de comida”, relembra.

Ainda de acordo com Gadelha, a mudança na lei seria desnecessária no momento em que o Brasil vem reduzindo a dependência de outros países por hemoderivados por meio da Hemobrás, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia. Atualmente, 30% dos hemoderivados ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são resultado do fracionamento do plasma doado no país e a previsão é que, a partir de 2025, com a conclusão da sua planta, a Hemobrás passe a produzir e processar 80%.

“Hoje, a Hemobrás é muito aberta à parceria com o setor privado. Portanto, pode-se estabelecer parcerias público-privadas, mas sem que o sangue vire mercadoria e possa ser, inclusive, exportado em detrimento da saúde da nossa própria população”, diz o secretário, reforçando que a cultura de doação de sangue, já consolidada no país, poderia ser prejudicada com uma orientação comercial em desfavor do ato altruísta.

“Se a gente desestimular a doação de sangue porque o sangue virou um comércio, pode faltar sangue até para transfusão, além de faltar o plasma para a Hemobrás processar, em assistência aos hemofílicos. Poderia faltar sangue na ponta, como quando você entra na emergência do hospital”, acrescenta.

Ministério da Saúde

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