Programa Aliança pela Vida promove ação na Pedreira Prado Lopes

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Convencer dependentes de drogas a aceitarem ajuda para tratamento foi o principal trabalho realizado na Pedreira Prado Lopes, nesta quarta-feira (3), no primeiro dia de ação do Programa Aliança pela Vida, lançado pelo Governo de Minas para o combate ao uso de drogas. O Rua Livre é uma das ações do programa e tem como objetivo acolher usuários que aceitam o encaminhamento para centros de tratamento e comunidades terapêuticas.

As primeiras abordagens foram realizadas na Pedreira Prado Lopes durante a manhã e a tarde desta quarta-feira. Nessa primeira abordagem, foram acolhidos 36 usuários de drogas. Desses, 14 já aceitaram o tratamento e a internação. Servidores das secretarias de Estado de Defesa Social (Seds) e de Desenvolvimento Social (Sedese) participaram da ação, em parceria com policiais militares, policiais civis e do Corpo de Bombeiros.

O salão de uma igreja na comunidade serviu de base para o primeiro atendimento. Quem aceitava ajuda era levado a uma unidade móvel para identificação pela Polícia Civil e encaminhado para o Hospital Galba Veloso. No local, os usuários receberam atendimento de psicólogos e assistentes sociais. Todos ganharam novas roupas, cortaram o cabelo e tomaram banho.

O superintendente do Centro de Referência Estadual em Álcool e Drogas (Cread), Amaury Costa Inácio da Silva, ressalta a dificuldade de convencer essas pessoas a aceitarem tratamento. “É preciso falar a mesma linguagem delas e mostrar as possibilidades e a necessidade de recuperação”.

Acolhimento

O subsecretário de Políticas sobre Drogas, Cloves Benevides, explica que “a sociedade clama por intervenções, e o Rua Livre vai agir nos territórios para acolher e tratar. Serão ações constantes em Belo Horizonte e na Região Metropolitana que, posteriormente, estarão em todo o Estado”.

A professora Valéria Borges Ferreira presenciou o Rua Livre e disse que ações deste tipo precisam ser realizadas com frequência. Ela tem 45 anos, sempre morou na Pedreira Prado Lopes e é voluntária em projetos sociais. “Já vi três gerações utilizando o crack ao mesmo tempo, uma criança, um jovem e um idoso. As crianças aprendem desde cedo a gritar ‘tá normal, tá normal’, isso serve para avisar quando problemas por perto que impedem o uso de drogas”, relata a professora.

A quebra do “normal” é um apelo de mães que procuraram a equipe para seduzir seus filhos a seguir o caminho do tratamento. Uma senhora de 69 anos agradeceu ao ver seu filho André, de 32 anos, entrar em um carro do Governo de Minas rumo a uma esperança de recuperação. Ele é usuário de crack há três anos e disse também fazer uso de álcool “para segurar a abstinência da pedra”.

Levi Leonardo, de 54 anos, foi um dos abordados. Viciado em crack, ele conta que a mulher e os seis filhos o abandonaram em razão da droga. “Vendo ferro velho para comprar a pedra. Fumo umas 50 por dia. É a noite toda e o dia inteiro”, conta o homem, que aparenta ter bem mais do que a idade informada – efeito da droga, conforme ele mesmo admite. Segundo Levi, cada pedra de crack custa R$ 10,00.

Apesar de ser usuário de drogas há 20 anos e de ter perdido tudo, Levi não perde a esperança de vencer a batalha contra o crack. “É preciso ter muita força de vontade, arrumar um emprego, tirar documentos e ter apoio do governo. Com isso, acho que posso largar. Difícil é, mas não é impossível. Eu tenho força de vontade. Todo mundo na favela gosta de mim e diz que eu sou trabalhador”, disse Levi.

Nascido e criado na favela, o responsável pela Assessoria de Assuntos para Vilas e Favelas, Cris do Morro, conversou com vários usuários. “A iniciativa leva o atendimento e a ajuda até essas pessoas, o que aumenta o interesse e a esperança de recuperação”, ressaltou Cris.

Aliança pela Vida

Apenas para 2011, o Governo de Minas deve investir R$ 70 milhões no Aliança pela Vida. Na primeira etapa, os recursos serão destinados a cinco ações principais, que tiveram as implementações autorizadas pelo governador nessa terça-feira (2). O Rua Livre de Drogas transformará locais de consumo e de venda de drogas em ambientes propícios a atividades culturais, esportivas e de lazer, inibindo o uso de drogas nesses locais.

O SOS Drogas terá 20 atendentes qualificadas para atender de maneira mais eficaz a quem procura o serviço, por meio do telefone 155. As Equipes de Socorro Familiar, formadas por psicólogo e assistente social, atenderão familiares de usuários de drogas em casa.

O Prevenção em Pauta vai utilizar a estrutura do Canal Minas Saúde, do Governo de Minas, uma das maiores redes de educação a distância do país. Atualmente com 4 mil pontos de recepção, a rede será ampliada para 15 mil pontos, instalados em escolas estaduais, Centros de Referência em Assistência Social (Cras) e presídios.

Procedimentos para seleção de projetos sociais

O Governo de Minas instituiu os procedimentos de chamamento para seleção de projetos sociais direcionados ao combate ao uso de drogas, bem como o Núcleo Técnico da Agenda Intersetorial de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas. As informações estão no decreto 45.666, publicado nesta quarta-feira (3) no Minas Gerais, segundo o qual os projetos deverão ser elaborados por pessoas jurídicas, de direito privado, sem fins lucrativos, e devem conter ações educativas, preventivas e de tratamento contra o uso de drogas.

O decreto estabelece que as propostas apresentadas passarão por duas etapas: uma classificatória e uma eliminatória. O Núcleo Técnico vai selecionar e realizar a análise dos projetos, que serão regidos por edital, estabelecendo critérios de seleção que priorizem atendimento em todas as regiões do Estado. Cumpridas todas as etapas previstas em edital, o núcleo submeterá sua avaliação ao referendo do Comitê Coordenador da Agenda Intersetorial de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas.

Segundo a secretária de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais, Maria Coeli Simões Pires, “o chamamento público, envolvendo projetos sociais de diversas áreas voltados para o combate ao uso indevido de drogas está inspirado na lógica da transversalidade e na intersetorialidade das políticas públicas, notas preponderantes no novo modelo de gestão de Minas”.

O Núcleo é composto por representantes das Secretarias de Estado de Defesa Social, de Desenvolvimento Social, Saúde, Educação, Esporte e da Juventude, Trabalho e Emprego. Conta também com a participação de representantes da Assessoria de Articulação, Parceria e Participação Social da Governadoria do Estado e do Conselho Estadual Antidrogas.

Fazem parte do Comitê as secretarias de Estado de Governo (Segov), de Casa Civil e de Relações Institucionais (Seccri), Planejamento e Gestão (Seplag), Defesa Social (Seds), Desenvolvimento Social (Sedese), Educação (SEE), Saúde (SES), Esporte e Juventude (Seej), Trabalho e Emprego (Sete), Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan) e Extraordinária de Gestão Metropolitana (Segem). Participam ainda do Comitê, a Controladoria Geral do Estado e a Assessoria de Articulação, Parceria e Participação Social.

 

Agência Minas

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